ABEU 196801
CASO RIZZI

ABEU 195701 - CASO UBATUBA
Ainda assustadas, algumas testemunhas recolheram parte dos fragmentos, constatando ser um material tão leve, que parecia ser do peso de uma folha de papel, embora de aparência metálica.

ABEU 195701 - CASO UBATUBA
Ainda assustadas, algumas testemunhas recolheram parte dos fragmentos, constatando ser um material tão leve, que parecia ser do peso de uma folha de papel, embora de aparência metálica.



ABEU 195701
CASO UBATUBA

Não foram poucos os banhistas que no final de agosto ou início de setembro de 1957 avistaram um objeto não identificado sobrevoar a Praia das Toninhas, em Ubatuba, litoral norte do Estado de São Paulo. Os relatos de testemunhas oculares davam conta de que um objeto não identificado descera em altíssima velocidade e quando estava prestes a chocar-se com a água, deu uma guinada súbita, voltando-se para cima. Nessa hora, algo de grave parece ter ocorrido com o OVNI, porque, ao fazer a manobra de subida, explodiu liberando chamas e fragmentos que caíram parte no mar e parte na linha d’água próximo aos banhistas.
Ainda assustadas, algumas testemunhas recolheram parte dos fragmentos, constatando ser um material tão leve, que parecia ser do peso de uma folha de papel, embora de aparência metálica.
Uma dessas testemunhas que recolheu parte dos fragmentos, foi um senhor que estava pescando junto com uns amigos. No dia 14 de setembro de 1957, essa testemunha enviou uma carta e algumas amostras para o jornalista Ibrahim Sued que na época trabalhava no jornal O Globo, relatando o ocorrido:
“Caro Sr. Ibrahim Sued. Como leitor assíduo do jornal, quero proporcionar-lhes um verdadeiro furo jornalístico a respeito dos discos voadores; se é que acredita na existência deles. Até alguns dias atrás eu mesmo não acreditava. Mas enquanto pescava na companhia de vários amigos, em Ubatuba, vi um disco voador aproximando-se da praia numa velocidade incrível, prestes a chocar-se contra as águas, quando, num impulso fantástico, elevou-se rapidamente e explodiu. Atônitos, acompanhamos o espetáculo, de chamas e fragmentos que mais pareciam fogos de artifício. Esses pedaços caíram quase todos sobre o mar, mas muitos caíram perto da praia, o que facilitou o recolhimento de uma parte do material. Aqui, anexo uma pequena amostra do material, que não sei a quem devo confiar para análise. Nunca li artigos que relatassem sobre pedaços desprendidos de UFOs, a menos que as autoridades militares tenham também impedido essas publicações. Certo de que este assunto muito lhe interessará, mando-lhe duas cópias desta, uma para a redação do jornal e outra para sua casa.”
Como a assinatura na carta era ilegível, não foi possível identificar quem a enviou, prejudicando em muito a pesquisa do caso. Sem o depoimento da testemunha não havia como provar que o material enviado fora recolhido dos fragmentos do OVNI.
No entanto, o jornalista Ibrahim Sued encaminhou três fragmentos das amostras ao médico e ufólogo Olavo Fontes que havia lido a matéria na coluna de Sued. Eram pedaços pequenos de metal que o Dr. Fontes descreve:
“Três pedaços de uma substância sólida cinza-escura, de aparência metálica. A superfície não é lisa e polida, mas irregulares e com forte oxidação. Uma das amostras apresenta rachaduras quase microscópicas, sempre longitudinais, e numa das faces uma grande fissura longitudinal que atravessa dois terços da amostra, como se tivesse sido interrompida sob a ação de uma força. Os outros fragmentos mostram microscópicas rachaduras e fissuras, mas todas estão cobertas por um material esbranquiçado, como uma camada de um pó branco. O fino pó é aderente, mas pode ser facilmente removido com a unha.”
O Dr. Fontes, maravilhado com o material, solicitou ao jornalista se poderia proceder algumas pesquisas com o material. Sued não era especialista nessa área jornalística, mas tinha a curiosidade de saber o resultado, se algo incomum fosse encontrado nas análises.
Com sua experiência médica e acostumado a lidar com pessoas, o Dr. Fontes notou alguns pontos positivos que o instigavam a prosseguir a investigação.
1º. O autor da carta parecia certo das próprias observações. O remetente tinha identificado equilibradamente o objeto e falado apenas o essencial. A experiência psicológica do médico indicava-lhe que as fraudes eram quase sempre marcadas pela descrição precisa dos detalhes e por sentimentos da testemunha, vindos do próprio intelecto. No entanto, no incidente relatado a história era simples, clara e concisa, tal como num caso verdadeiro, porque um fato ocorrido em poucos segundos não poderia ofertar detalhes. O incidente seria muito rápido, para a visão humana registrar detalhes do objeto, mas apenas algumas condições ocorrentes, como a trajetória do objeto e as coisas que foram expressas na carta;
2º. O homem que forneceu as amostras disse que o fenômeno também fora testemunhado por outros. Isso dava mais credibilidade aos relatos;
3º. A testemunha não aparentava render culto aos “discos voadores” nem aos chamados “irmãos do espaço”. Disse nunca ter lido nada de fragmento ou partes de “pires” que tivessem sido recolhidos ou de “pires voador” que tivesse sido encontrado. Um participante de culto teria outra linguagem, com expressões íntimas de crença, o que não era o caso;
4º. Talvez pudesse ser um fraudador, mas se fosse, seria sem qualidade. Porque um bom fraudador teria apresentado o caso em conferência de imprensa, para ganhar publicidade para si ou para alguma empresa. Não iniciaria com uma singela carta a um colunista social que, aparentemente, não estaria interessado no assunto. Acima de tudo, nunca iria enviar os “fragmentos” na primeira carta, antes de conhecer a atitude de Sued sobre os UFOs e sua disposição para contar a história e investigar;
5º. O observador identificou o objeto desconhecido como muita prudência, talvez certo de que o engenho extraterrestre pudesse revelar-se no estudo científico dos “fragmentos”;
6º. A testemunha não dava importância ou não estava ciente de que o primeiro homem a comprovar a realidade dos UFOs entraria para a história – se estivesse, não teria enviado as amostras. Tal comportamento pode ser entendido somente se o remetente fosse um fraudador ou se estivesse realmente confuso e não compreendesse a real importância de sua descoberta.
Estas razões explicam o interesse do doutor Fontes na obtenção do material e na investigação científica das amostras. A aparência metálica indicava que elas poderiam muito bem ser “fragmentos” provenientes da explosão de uma massa metálica ou objeto maior que tinha sido queimado ou chamuscado por algum tipo de fogo ou calor. Então o ufólogo decidiu recorrer à ajuda de pesquisadores renomados.
O Sr. Olavo enviou o material para a primeira análise, que foi realizada no Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério da Agricultura. As amostras foram recebidas pelo Dr. Pfeigel, chefe do Departamento de Química, que lhe foi apresentado pelo Dr. Júlio de Morais. Esperava-se que o famoso químico fosse conduzir a análise, mas como ele estava ocupado com outros experimentos, foi chamado o Dr. David Goldscheim, que fez uma análise superficial sugerindo serem fragmentos de meteoro. O Dr. Pfeigell se recusou a aceitar tal possibilidade, pois para ele as amostras “são leves demais para serem fragmentos de um meteorito. Parecem metálicos, feitos de metal leve, não é alumínio. Vamos fazer um teste químico...” O resultado sugeriu que era algum tipo de metal, sendo as amostras enviadas para análises de espectrografia semiquantitativa, por difração de raios X e por espectrografia de massa.
As amostras foram primeiramente submetidas à difração por raios X, à medida de densidade e à pesquisa de radiação. Essas análises foram realizadas pelos professores Távola Filho e Augusto Batista, que apresentaram os resultados em que o material estudado registrava densidade de 1,7 grs./cm3 a 20ºC. Complementaram dizendo: “que não há na natureza tal material em estado puro, mas exclusivamente na forma de vários compostos.”
Os ensaios espectrográficos realizados pela Dra. Luísa Maria A. Barbosa indicaram ‘alta concentração de magnésio e ausência de outros elementos metálicos.”
Outra análise feita pelo Dr. Elson Teixeira confirmaram o primeiro ensaio: “Magnésio absolutamente puro, mesmo sem os chamados elementos traças usualmente encontrados em qualquer metal; até mesmo as impurezas dos carvões usados com eletrodos, traços de manganês, ferro, silício, titânio que às vezes aparecem como contaminantes, não estavam presentes neste caso.”
Além disso demonstraram que o material sofreu uma “fusão solidificada unidirecional”, uma espécie de fusão a frio, técnica impossível de ser realizada na época.
Outras duas amostras juntamente com uma carta, foram enviadas pelo Dr. Fontes para Coral Lorenzen, presidente da Aerial Phenomena Research Organization (APRO) nos Estados Unidos.
A APRO encaminhou o fragmento maior para a Força Aérea Norte-Americana (USAF) para análises, mas estranhamente o operador do espectrograma conseguiu destruir o fragmento sem antes obter uma resposta. Digo que foi estranho, pois a USAF insistiu para que os outros fragmentos lhe fossem enviados já que destroços de UFOS eram difíceis de serem encontrados. A APRO felizmente negou.
Outros fragmentos foram enviados pela APRO para análise nos laboratórios da United States Atomic Energy Commission (AEC). As amostras apresentaram densidade de 1,753 grs./cm3, o que é um pouco maior do que a densidade do magnésio normal. Esse resultado é interessante pois pode explicar a presença de oxigênio no metal dos fragmentos.
Então a APRO confirmou as análises brasileiras e considerou: o metal altamente resistente, impossível de se obter com as técnicas industriais da época. A alta concentração de magnésio na amostra e o testemunho de explosão em inúmeros estilhaços eram sugestivos de ser um engenho não produzido pelo homem, mas de origem não identificada (UFO).
Outra carta, dessa vez muito expressiva, foi enviada pelo Dr Fontes para Coral Lorenzen. A carta, datada de 27 de fevereiro de 1958, detalha “a visita que recebi de dois homens que mostraram credenciais indicando serem eles do Serviço Secreto da Marinha, depois que lhe enviei amostras de um material proveniente de um suposto UFO que havia explodido em Ubatuba para serem analisados na APRO do Arizona. Estes homens disseram que eu sabia coisas as quais não me era permitido saber, e que a posse dos fragmentos de metal poderia ser perigosa para a minha pessoa.”
Uma carta foi então enviada pela APRO para o antigo Divisão de Inteligência Técnica Aérea, hoje denominada National Air and space Intelligence Center (NASIC), ainda locada na Base Aérea de Wright-Patterson. Esse documento solicitava a formação de um grupo em conjunto com a USAF, com a finalidade de analisar mais fragmentos. Tanto os consultores da APRO como da USAF trabalhariam juntos.
Como já disse anteriormente, “muito estranhamente” a proposta foi recusada pela USAF, que respondeu através de correspondência padrão, “pedindo insistentemente” que todos os fragmentos lhes fossem para estudos.” (As aspas são por minha conta.)
O que restou depois de todos os testes e análise realizados nos fragmentos são algumas opções:
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Pedaços de um meteoro
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Pedaços de um avião
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Pedaços de um míssil
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Pedaços de um OVNI
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Primeira opção: Descartada pela pureza do magnésio, pois não ocorre naturalmente e é muito reativo.
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Segunda opção: Descartada, pois não há relatos de aviões desaparecidos no dia e, por ser o magnésio muito reativo, não é matéria; utilizado na construção de aeronaves.
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Terceira opção: Descartada pelos mesmos motivos da segunda opção
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Quarta Opção: Aceita, embora seja inconclusiva. A não encontrarmos que enviou a carta e os fragmentos para o jornalista Ibrahim Sued, torna o evento sem uma finalização possível
Porém, ironicamente, o mais interessante é que a amostra maior que poderia dar respostas ao caso Ubatuba, tenha sido completamente destruída pela Força Aérea Norte-Americana.




